"Era pra ser só mais uma trilha. Dia 15 de Janeiro, solão de rachar, céu azul. “Vamos pra Barra de Guaratiba!” Disseram em uníssomo um de Niterói, outro de São Gonçalo, os outros do Rio mesmo. Como não tínhamos carros disponíveis, fomos todos de ônibus. E lá estávamos nós esperando o 387. Esperando, esperando... até que finalmente, em paradas diferentes, todos pegaram o mesmo ônibus...
Chegamos por volta de 11h00 da manhã; já com sinais de fome quase paramos pra almoçar, porém a falta de opções “unânimes” nos fez continuar em frente.
Passamos pela praia de Barra de Guaratiba, a praia mais próxima dos cariocas de Campo Grande, que faziam a maioria do lugar num típico dia de verão. Seguindo pela orla, subimos a rua da loja de gelo e, perguntando a direção a todos os moradores que encontramos no caminho, chegamos ao “início” da trilha. A verdade é que para chegarmos até a floresta tivemos que passar por uma escadaria que cortava por entre as casas dos moradores da região, que parecem já bastante acostumados com o inevitável movimento que esse ponto turístico atrai.
Já na trilha, 10 minutos depois, passamos por uma fonte onde recarregamos algumas garrafinhas já esvaziadas na longa jornada até ali – “Calor!? No início estava um clima agradável, porém com passar do tempo o sol mostrou pra que veio, água evaporando extremamente rápido em nossas gargantas. A salvação foi uma fonte de água natural. Esta fonte de água não é totalmente limpa, pedaços de terra e alguns detritos descem junto, conquanto, a dica é levar um vidrinho de água sanitária e gotejar uma ou duas gotinhas pra matar os “bichinhos”. Não diga aos outros do grupo que fez isso, só diga que a água está perfeita ;-).
Mais 15 minutos depois da fonte, andando calmamente, chegamos à bifurcação que leva até a praia do Perigoso e à Pedra da Tartaruga. Paisagem espetacular! Pouco antes de chegar a essa bifurcação, tivemos a melhor vista da pedra, em que não há como duvidar parecer uma tartaruga. Para os mais corajosos, ainda é possível fazer rapel na pedra. Porém, deve-se antes encarar uma escorregadia e totalmente exposta trilha de barro de quase 30 minutos até o topo.
Do lado oposto à praia do Perigoso existe uma praia de pedras, em que o banho fica mais difícil no quebra-mar, porém é possível se refrescar nas piscinas naturais que surgem por entre as pedras. Algumas com aspecto vulcânico nos fazem perguntar como elas foram parar ali...
Muito bem, trilha, com subida, praia, acabou. Não. A bifurcação mencionada anteriormente leva até a segunda praia escondida pela floresta de Guaratiba. A praia do Meio tem acesso bem mais difícil, levando mais 50 minutos para contornar a encosta até a praia, sendo que no final fomos premiados com uma corda pra auxiliar na descida da rocha mais íngreme e lisa. Muito deserta, a praia do Meio foi o ponto alto da trilha, sem dúvidas. Quase ninguém, somente algumas pessoas que estavam acampadas na outra ponta da praia.
Além dessas duas, a floresta de Guaratiba ainda esconde a Praia Funda e Praia do Inferno... mas essas ficam pra próxima!
Como sempre, a pior parte foi voltar. Ninguém esperava por tantas atrações, pois, estávamos tristes de ter que deixar o lugar. Mas o dia ainda não tinha terminado. Quando voltávamos pelas escadarias do bairro fomos pegos por uma tempestade de fim de tarde que assolou a região durante meia hora. Por sorte, estávamos no final das escadarias e conseguimos nos abrigar embaixo de um estacionamento que havia na rua. Depois de mais uma longa espera pelo 387 conseguimos voltar pra casa, cada um do seu jeito, mas com a certeza de que gastamos todas as energias em um dia incrível."
(José Rafael Lebre)
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